Haenyeo: As Incríveis Mulheres do Mar da Ilha de Jeju

Quem são as haenyeo, as incríveis mergulhadoras da Coreia? Imagine um grupo de mulheres que, com pulmões treinados, mergulham em águas geladas, sem cilindros de oxigênio, em busca de frutos do mar para sustentar suas famílias — assim são as haenyeo, as lendárias “mulheres do mar” da Coreia do Sul. Encontradas principalmente na Ilha de Jeju, essas mergulhadoras representam uma das tradições culturais mais fascinantes e resilientes do país. Com seus trajes de neoprene, redes manuais e óculos de mergulho simples, elas enfrentam o oceano todos os dias, desafiando não apenas as marés, mas também o tempo e as transformações do mundo moderno.

As haenyeo são mais do que simples pescadoras. Elas são símbolos de resistência feminina, sabedoria ancestral e harmonia com a natureza. Essa prática remonta a séculos, quando o papel das mulheres se destacou na economia costeira da Coreia, especialmente em Jeju, onde o solo vulcânico dificultava o cultivo. Mergulhar, então, tornou-se uma necessidade — e também uma arte. Hoje, ser haenyeo é um título que carrega honra, força e profundo conhecimento do mar. É um legado passado de mãe para filha, preservado com orgulho e respeito pelas comunidades locais.

Com o reconhecimento da UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, as haenyeo da Ilha de Jeju ganharam o mundo e passaram a representar não só a cultura coreana, mas também valores universais como sustentabilidade, trabalho comunitário e empoderamento feminino. Mesmo em tempos de tecnologia avançada, essas mulheres continuam utilizando métodos tradicionais de coleta, respeitando os ciclos da natureza e mergulhando com consciência ecológica. A história das haenyeo é, acima de tudo, uma história de coragem silenciosa e profunda conexão com o mar — e que merece ser contada, celebrada e preservada.

O que significa haenyeo?

O termo haenyeo (해녀) tem um significado literal que traduz toda a essência dessas mulheres extraordinárias: “mulher do mar”. Em coreano, “hae” significa mar e “nyeo” quer dizer mulher — uma combinação simples que carrega uma força imensa. O significado de haenyeo vai muito além da tradução direta; ele reflete um estilo de vida moldado pela coragem, disciplina e conexão espiritual com o oceano. Essas mulheres são conhecidas por sua capacidade de mergulhar em grandes profundidades sem equipamentos de respiração, recolhendo frutos do mar como ouriços, abalones e polvos, enquanto preservam o equilíbrio ecológico marinho.

]Na cultura coreana, especialmente na Ilha de Jeju, as haenyeo ocupam um lugar de profundo respeito. Elas quebraram paradigmas sociais ao se tornarem as principais provedoras da família em uma época em que a sociedade coreana era marcadamente patriarcal. Esse papel ativo e independente fez das haenyeo um verdadeiro símbolo de empoderamento feminino, sendo hoje referência em debates sobre igualdade de gênero e sustentabilidade tradicional. O significado de haenyeo, portanto, transcende a atividade de mergulho — é um retrato da resistência cultural, da autonomia feminina e da sabedoria ancestral que moldou uma das comunidades mais únicas da Ásia.

A história das haenyeo: um legado submerso no tempo

A história das haenyeo remonta a centenas de anos, com registros que indicam o início dessa prática ainda no século 18, na Ilha de Jeju, Coreia do Sul. Inicialmente, os mergulhadores eram em sua maioria homens, mas ao longo do tempo, as mulheres passaram a dominar essa atividade, principalmente porque os homens eram recrutados para guerras ou saíam da ilha por longos períodos. Assim, as mulheres assumiram o papel de provedoras através da pesca costeira — e nasceram as haenyeo, símbolo de resistência e autonomia feminina. Esse legado submerso no tempo se fortaleceu com cada geração que mergulhou antes da outra, passando os segredos do mar por meio de tradições orais e aprendizado prático.

A evolução das haenyeo ao longo dos séculos é marcada pela adaptação às mudanças sociais e ambientais, mas sem abandonar os princípios tradicionais que definem sua identidade. Desde pequenas, as meninas acompanhavam suas mães e avós aos mergulhos, observando, aprendendo e gradualmente assumindo suas próprias redes. Esse processo de ensino, profundamente enraizado na cultura local, não envolvia escolas ou livros, mas sim o contato direto com o oceano e com o conhecimento passado de geração para geração. O resultado é uma rede invisível de saberes compartilhados, mantida viva até hoje pelas poucas haenyeo que continuam a mergulhar. Sua história é uma herança viva, rica em significados, que revela a força e a resiliência da mulher coreana diante do tempo, das ondas e da tradição.

As haenyeo da Ilha de Jeju: quem são essas mulheres incríveis?

Na pitoresca Ilha de Jeju, ao sul da Coreia do Sul, vivem as extraordinárias haenyeo, mulheres que mantêm viva uma tradição ancestral de mergulho em mar aberto. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer completamente, essas mergulhadoras se preparam com trajes de neoprene, amarram suas redes e partem para o oceano — sem tanques de oxigênio ou equipamentos sofisticados. Usando apenas a força dos pulmões, elas mergulham a profundidades que podem ultrapassar 10 metros, permanecendo submersas por até dois minutos enquanto colhem frutos do mar como abalone, ouriços, algas e pepinos-do-mar. O dia a dia das haenyeo exige coragem, disciplina e uma incrível conexão com os ritmos da natureza.

Apesar das condições desafiadoras, essas mulheres — muitas com mais de 60, 70 e até 80 anos — seguem uma rotina moldada pelo mar e pelo coletivo. A alimentação das haenyeo é simples, baseada em produtos locais, muitos dos quais elas mesmas colhem. Há um forte senso de comunidade entre elas, com momentos de descanso e refeições compartilhadas após os mergulhos. Além disso, o conhecimento sobre as marés, os ventos e os melhores pontos de coleta é passado oralmente, reforçando os laços entre gerações. Para os visitantes da Ilha de Jeju, é possível conhecer de perto essa cultura em museus dedicados, mercados de frutos do mar e até presenciar, com sorte, uma haenyeo retornando do mar — uma imagem viva de tradição, força e beleza natural.

Por que não existem haenyeo homens?

A ausência de homens entre as haenyeo não é apenas uma curiosidade, mas um reflexo profundo das estruturas sociais e culturais da Ilha de Jeju. Tradicionalmente, enquanto os homens se dedicavam à agricultura ou eram recrutados para guerras, as mulheres assumiam a pesca costeira como principal forma de sustento familiar. Ao longo do tempo, esse papel se solidificou e passou a ser reconhecido como uma ocupação feminina por excelência, criando um espaço de autoridade e autonomia raro dentro da sociedade coreana tradicionalmente patriarcal. Assim, não existem haenyeo homens, não por falta de habilidade, mas porque a prática se enraizou como um símbolo do protagonismo feminino.

Além das razões sociais, há também explicações biológicas que foram amplamente aceitas pelas comunidades locais. As mulheres, segundo os próprios relatos das haenyeo mais antigas, suportam melhor o frio, possuem maior capacidade de retenção de calor corporal e apresentam, em geral, maior resistência para as longas horas de mergulho em águas geladas. Esses fatores, aliados à sabedoria passada de mãe para filha, criaram uma tradição exclusivamente feminina, protegida por mitos e crenças que reforçam a ligação sagrada entre a mulher e o mar. Em algumas histórias folclóricas, diz-se que o mar “responde melhor” ao canto e à presença das mulheres — um toque poético que preserva o mistério e a beleza da cultura haenyeo.

Haenyeo nos dias de hoje: resistência e orgulho

Hoje, em pleno século XXI, as haenyeo continuam mergulhando nas águas da Ilha de Jeju, desafiando não apenas o mar, mas também o tempo. Apesar da idade avançada de muitas delas — algumas com mais de 80 anos —, há ainda centenas de haenyeo ativas, mantendo viva uma prática que resiste ao esquecimento. Seus relatos são verdadeiras lições de resiliência: acordam cedo, enfrentam o frio e o vento, e mergulham com a mesma dedicação de décadas atrás. Algumas revelam que o mar é seu “espaço de liberdade”, onde se sentem vivas, úteis e conectadas à sua herança. Mesmo com o avanço da tecnologia e a modernização das práticas de pesca, essas mulheres continuam optando pelos métodos tradicionais — um gesto silencioso de resistência cultural.

O impacto das haenyeo nos dias de hoje vai além da pesca. Elas se tornaram ícones da identidade coreana, especialmente no contexto da preservação cultural e do turismo sustentável. Visitantes de todo o mundo vão à Ilha de Jeju para conhecer a rotina dessas mulheres, visitar o Haenyeo Museum e assistir de perto os mergulhos nas encostas rochosas. Essa visibilidade transformou as haenyeo em patrimônio vivo, promovendo não apenas o turismo local, mas também o reconhecimento global de uma prática que une natureza, tradição e força feminina. A presença dessas mulheres nas campanhas de promoção cultural da Coreia do Sul reforça a importância de valorizar o passado como parte fundamental da construção do futuro.

Mais do que uma profissão, ser haenyeo é um ato de empoderamento e orgulho feminino. Em um mundo cada vez mais acelerado e digital, essas mulheres mostram que a verdadeira força pode estar em gestos ancestrais, transmitidos com amor, suor e coragem. A imagem da haenyeo — com seus trajes escuros, boias de flutuação e redes repletas de frutos do mar — tornou-se um símbolo de resiliência, sabedoria popular e conexão com a natureza. Elas inspiram não só outras mulheres, mas também comunidades inteiras a olhar para suas raízes com mais respeito. E enquanto ainda houver uma haenyeo mergulhando, haverá também uma história sendo contada — de luta, de tradição e de amor pelo mar.

Curiosidades sobre as haenyeo

Entre as muitas curiosidades que envolvem as haenyeo, uma das mais encantadoras é o som que elas fazem ao emergir da água: o sumbisori. Esse assobio gutural, feito para regular a respiração após longos mergulhos, é inconfundível e se tornou um símbolo sonoro da cultura da Ilha de Jeju. Para os habitantes locais, o sumbisori não é apenas um som — é vida voltando à superfície, é a certeza de que aquela mulher retornou em segurança. Além disso, elas usam trajes de neoprene escuros, boias de cortiça e ferramentas simples como facas de coleta, cestos flutuantes (tewak) e redes manuais, mantendo o ofício o mais artesanal possível, mesmo nos dias atuais.

A cultura das haenyeo também tem sido retratada em diversas produções culturais que ajudam a disseminar sua história ao redor do mundo. O documentário “Breathing Underwater” e o filme sul-coreano “My Mother, the Mermaid” são dois exemplos tocantes que exploram a vida dessas mulheres com sensibilidade. Em literatura, a obra “The Island of Sea Women” da autora Lisa See ganhou destaque internacional, misturando ficção com fatos reais e apresentando o universo das haenyeo para leitores de diversas culturas. Essas produções ajudam a manter viva a memória e a importância dessa tradição única.

E aqui vão alguns fatos surpreendentes que talvez você não saiba:

  • A maioria das haenyeo tem entre 60 e 80 anos, e algumas continuam mergulhando mesmo após os 80!
  • Em 2016, a UNESCO declarou a cultura das haenyeo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
  • Mesmo sem equipamentos modernos, elas conseguem ficar mais de dois minutos submersas em águas geladas, apenas com o fôlego.
  • As haenyeo seguem um código de conduta comunitário que inclui respeito ao mar, à natureza e às companheiras de mergulho.

Esses detalhes só reforçam o quanto as haenyeo são verdadeiras guardiãs do mar — e quanto mais aprendemos sobre elas, mais admiramos sua força, sua simplicidade e sua beleza única.


As haenyeo são muito mais do que uma tradição de pesca; elas são um testemunho vivo da força, resiliência e sabedoria feminina, representando um legado profundo da Ilha de Jeju e da cultura coreana. Sua história, marcada por desafios, coragem e uma conexão única com o mar, nos ensina a importância de preservar as tradições que sustentam nossa identidade e nos lembram da harmonia com a natureza. Ao acompanhar a jornada dessas mulheres, não apenas celebramos o passado, mas também garantimos que as futuras gerações possam testemunhar essa beleza única que é a prática das haenyeo.

Mas me conta… Quais são seus K-dramas favoritos em Jeju e com a participação das incríveis mergulhadoras haenyeo? Eu adorei De Volta às Raízes! Me conta nos comentários? 🌊

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